Eu pensava que a Região Metropolitana da Baixada Santista ia ter uma nova roupagem jornalística. Me enganei.
Após uma dança de cadeiras, onde Eduardo Barazal saiu da TVB-Baixada (grupo de comunicação do ex-governador Orestes Quércia) para a RedeVTV! (Família Mansur); Paulo Schiff (Record Litoral) para a TVB-Baixada; Edgard Boturão saiu da RedeVTV! para a Santa Cecília TV e depois caiu no gosto da Record Litoral (Império de comunicação do Edir Macedo) para ancorar o Opinião, imaginava que haveria uma nova estrutura jornalística, onde todos os municípios teriam um pequeno espaço. Mas, o que tenho visto é muito improviso e falta de originalidade.
Surgiram novos "filhos" dessa dança: Barazal apresenta o "ainda com cheiro de tinta" Jornal da RedeVTV! (eu gostava mais do Radar Local) e a Record Litoral implantou o Balanço Geral, com o Douglas Gonçalves (mais conhecido pela boa voz de radialista e participação no Opinião) para segurar a peteca do modelo de jornalismo comunitário, que tem como base o Wagner Montes (é, aquel mesmo do Show de Calouros e marido - ou ex-marido - da Sônia Lima).
Sou partidário e crítico de um jornalismo onde não haja os excessos de "popularesco" e "policialesco". Admiro muito os profissionais citados acima, mas a Baixada Santista (leia-se Região Metropolitana - nove cidades) merecem algo melhor, onde as informações sejam organizadas de acordo com o interesse da maioria.
Estava vendo há instantes (2h da madrugada de quarta-feira, feriado da Revolução de 32) a reprise do formato da VTV. Sinceramente, acho que o modelo idealizado, onde o jornalista/apresentador se torna defensor público da sociedade e expõe seus julgamentos sobre os fatos. No caso da edição de hoje, faltava ambulância em Vicente de Carvalho - Guarujá e o hospital não tinha a menor estrutura para funcionar, só o esqueleto. Até aí, o ato de denunciar as irregularidades é louvável, mas ficar remoendo o problema é um grave erro, na minha singela interpretação.
Ambos os novos modelos de telejornalismo esbarram nos limites territoriais do que as emissores entendem por Baixada. Como elas podem querer oferecer um "material regional" se o umbigo metropolitano fica no eixo Santos-Guarujá (e male male são Vicente, Cubatão e Praia Grande - esta última, só se um meteoro cair nela) ?. Isso nao é jornalismo de TV, já que não agrega nada.
Percebi que a TV Regional chegou tarde demais para adotar o modelo Aqui Agora ou Brasil Urgente - Datena (que às vezes vejo para observar o formato). Não há jornalismo, e sim uma onda de denuncismo sem o menor impacto real na sociedade. E isso tende a ser pior.
Não sei ao certo como funciona a mente dos pauteiros das redações, mas a agenda setting é tão semelhante, parecida, idêntica, que chega até a irritar. Na emissora dos Santini (TV Tribuna), há uma mega cobertura para os eventos que a própria emissora produz (ou apóia, para ficar mais "bonitinho"). O bom exemplo foi a Cãominhada, que, por Deus e o Diabo dançando em campo minado, o que o fato agregou para a sociedade ? influenciou a vida dos jovens desempregados ou ofereceu oportunidades aos idosos ?. Há uma falta tremenda de serviço público.
Não sei ao certo onde iremos parar, mas defendo que as emissoras que usam o espaço para o desserviço devem perder sua concessão pública. É lastimável ver bons profissionais fazendo a cobertura do "gato que ficou preso na árvore" ou da "incrível habilidade de Zé Tonho em desenhar em azulejos". Tudo isso é um desperdício de boas mentes, tornando toda a informação em fatos cretinos.
TOP TEN - O QUE MAIS ME CHAMOU A ATENÇÃO NA TV ESSA SEMANA, DE FORMA POSITIVA OU NEGATIVA.
VIVA! - Para o Custe o que Custar - Band. Sensacional o novo modo de fazer jornalismo. Gosto do Proteste Já!.
MUITO BOA - A cobertura dos flagrantes da Lei Seca nas estradas. Uma matéria que merece aplausos e serve de incentivo aos demais para que, se for dirigir, não beba.
BOA - A matéria da TV Tribuna sobre a zona de processamento de exportação. Enfim, algo que pode ser classificado como "interesse público".
REGULAR - A matéria sobre o caso do promotor acusado de matar um jovem em Bertioga. Em um país de impunidades, algo deve ser feito (ou pelo menos cortado os benefícios do acusado).
SOFRÍVEL - A agenda setting das emissoras locais. Vi a ação da polícia contra o roubo de cargas umas dez vezes, depois vi os Federais na favela contra a pirataria mais umas vezes. Não tem pauta melhor ?
LASTIMÁVEL - O que há de interessante em ver o ministro e um monte de gente cair na lama após o pier, em São Vicente, ceder ? Deveriam ter feito uma matéria sobre as condiçoões das famílias que vivem, literalmente, na lama.
FRACO - A reportagem sobre o mercado de logísitca, que está aquecido. Não vi muita utilidade, já que falta qualificação de mão-de-obra na região.
PÉSSIMO - A Capa do Jornal A Tribuna sobre o petróleo. Tudo bem, é o ouro negro e a grande chance do Estado de São Paulo inteiro, mas cadê a parte prática para a população ? Seremos iguais ao caso de Macaé - RJ, que teve que trazer gente de fora por não ter população qualificada para trabalhar com o petróleo e gás ?
HORRÍVEL - Jornal da Tribuna 1ª. Edição - Estrelas da Cãominhada desfilam com estilos diferenciados. Preciso dizer mais algo ?
SHOW DE TERROR - Mais uma matéria sobre a Cãominhada.